sábado, 17 de março de 2012

Resenha do livro:Educação Infantil e Registro de Práticas

Por Vilma Virginia Nunes.
Resenha crítica de:
LOPES, Amanda Cristina Teagno. Educação Infantil e Registro de Práticas. São Paulo: Cortez, 2009.

Educação Infantil e registro de práticas, uma obra que nos remete a reflexão como possibilidade da formação continuada do professor, fazendo um conceito de registro, definindo de que forma acontece fundamentado teoricamente em outros autores, sem deixar de lado o comprometimento com a sua realidade.
Lopes (2009) fala da formação de docentes produtores de seus próprios saberes em um contexto de percepção, apresenta também a sua história e concepção de vários tipos de registros, através de uma linguagem bastante acessível, o livro mescla momentos de práticas com momentos de diálogos diretos, que dão maior realidade a esse processo.
São relatos de educadores que nos levam a redescobrir, a resinificar o cotidiano da Educação Infantil de uma maneira comprometida,
a autora nos faz viajar no mundo das possibilidades, apresentando o registro como um instrumento favorável à reflexão e à construção de uma postura investigativa por parte do professor, valorizando suas autorias como uma característica
marcante e  objetivando  o  fundamento da reflexão, como palco do desenvolvimento profissional do educador.
Veiga considera o registro escrito “um processo de construção e de autoria, uma vez que expressa o resultado da reflexão sobre a experiência vivida como docente” (VEIGA, 2006, p. 19).
É possível afirmar que este livro é um expoente máximo incentivando os educadores que já registram ou desejam registrar suas práticas e aos profissionais da educação que exercem a mediação pedagógica em programas de formação de educadores.
A prática do registro na Educação Infantil caracteriza-se como uma ação importante de avaliação do trabalho pedagógico e do desenvolvimento infantil. Sobre o registro, Ostetto (2008, p. 13) nos diz que:Por meio do registro travamos um diálogo com nossa prática, entremeando perguntas, percebendo idas e vindas, buscando respostas que vão sendo elaboradas no encadeamento da escrita, na medida em que o vivido vai se tornando explícito, traduzido e, portanto passível de reflexão.
Nesse sentido, para o professor é preciso que o ato de registrar esteja intimamente ligado ao ato de avaliar e de acompanhar o desenvolvimento da criança, possibilitando a melhor percepção dos progressos, dificuldades e obstáculos da criança, como também, permite efetuar as intervenções imediatas corretas apontando possíveis encaminhamentos.
Para isso são necessárias algumas atitudes do professor, como escutar, observar e analisar a criança nas experiências individuais e coletivas vividas em todos os momentos na instituição.
Assim, o registro deve ser uma reflexão da própria prática de ensino e para que esta reflexão aconteça, deve-se ter em mente que o autor precisa de uma base teórica em fundamentos e que continue atualizando-se em meio às novas tecnologias.
A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna possível o distanciamento da ação e do que está escriturado, ajudando o educador a planejar, revisar e refletir diante da sua prática. Esta reflexão é um ponto importante para análise das competências profissionais, permitindo reajustes permanentes, contribuindo para a identificação de pontos positivos e negativos. Citando Miguel Angel Zabalza (1994), "Sem olhar para trás, é impossível seguir em frente". É isto que os registros podem proporcionar.
O valor formativo dos registros acontece a partir do momento em que recodificamos a experiência narrada, reconstruindo-a. Assim, ele oferece também dupla perspectiva sobre o trabalho, de forma que se pode avaliar o que está acontecendo diariamente, bem como o acumulado durante um período mais longo.
Para Warschauer (1993, p.63), “refletir sobre o passado (e sobre o presente) é avaliar as próprias ações, o que auxilia na construção do novo. E o novo é a indicação do futuro. É o planejamento”.
Mas, ao mesmo tempo, esse processo é necessário e precisa ser sistemático, contendo um caráter de análise e reflexão, que será feito por meio do registro do desenvolvimento da criança no decorrer de um período.
REFERÊNCIAS
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Educação infantil: saberes e fazeres da formação de professores. Campinas: Papirus, 2008, p. 13-32.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.) Lições de didática. Campinas: Papirus, 2006.
WARSCHAUER, Cecília. A roda e o registro: uma parceria entre professor, alunos e conhecimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.